Em comemoração ao Dia das Mães no último domingo (9), o Portal eMóbile conversou com duas mãe para saber como foi ser uma mãe em meio a um ano de pandemia. Com o isolamento social, elas, assim como todos, passaram a trabalhar em home office e cuidar das crianças em casa, junto ao marido é claro, por conta das escolas fechadas.
A preocupação com o vírus é evidente e ainda que se possa ganhar mais tempo sem a locomoção para o trabalho, perde-se com outros afazeres como cuidar dos filhos, preparar as refeições, entre outros. Mas claro que com a participação do marido, afinal ter um lar não é sinônimo de só a mulher cuidar.
Trabalho remoto não é uma novidade para Araceli Silveira, vice-presidente de marketing, digital e conteúdo da Informa Markets Brazil, promotora da ForMóbile. Morando em Curitiba e trabalhando em São Paulo há mais de dez anos, ela conseguiu organizar a vida construindo uma rede de apoio muito boa em casa e no trabalho. “Meu marido sempre foi muito parceiro e cuidou das minhas filhas e da casa tanto quanto (ou até mais do que) eu. Além do mais, minhas filhas já são adolescentes e muito independentes”, assinala.
Entretanto, Araceli pode observar que muitas outras mães que trabalham com ela não compartilha da mesma realidade. “Especialmente para aquelas com filhos pequenos, pois as crianças demandam atenção muitas vezes no meio de uma reunião ou tarefa importante. Quem tem filhos em idade de alfabetização, vem tendo que ajudar muito de perto nas tarefas da escola. E grande parte do trabalho de casa também recai sobre as mulheres. Muitos maridos ‘ajudam’, mas o próprio termo já é machista, certo? Dá a ideia de que a obrigação é da mulher. Portanto, vem sendo um desafio gigantesco para a grande maioria, sem dúvida”, afirma.
Para Camila Bartalena, gerente de marketing e produto da REHAU, conta que o fato da empresa possuir home office facilitou muito ser mãe no último ano em meio a uma pandemia. “O começo da pandemia foi muito tenso e cheio de incertezas. Foi preciso ficar 100% em casa e isso implicou em uma readequação das rotinas, uma vez que agora, filho, marido e trabalho coexistiam ao mesmo tempo, no mesmo lugar. Mas depois tudo foi se ajustando e arrisco dizer que foi uma jornada de autoconhecimento, readaptação e estar pela primeira vez em todos os aspectos com a família”.
Durante o período, houve também uma mudança de convívio com a família ao passar mais tempo com eles. “Antes, eu sempre estava correndo de um compromisso para o outro e sempre com a sensação de estar atrasada. E quando você está assim, nesse estado de agitação, você não consegue interagir e estar presente com o outro. Era uma convivência rápida e sem qualidade. Como tivemos que nos reinventar neste momento, convivendo de maneira intensa e de forma mais saudável. Eu penso que a pandemia me trouxe essa oportunidade de poder estar mais em sintonia com a minha casa, com meu filho e com meu marido”, diz a profissional.
Desafios
O que me ajudou muito Camila no período foi ter muita disciplina. “Sou muito prática e consigo me organizar de forma fácil. Mas o que me ajudou muito não só no processo de organização, mas no processo psíquico emocional foi fazer terapia. Eu continuei fazendo terapia online, o que me ajudou muito a lidar com toda essa montanha russa de emoções que vem sendo essa pandemia”, confessa.
Araceli também assinala a organização como mais importante diante do desafio de não ficar maluca. “É tentar organizar horários e rotinas para conseguir dar conta de tudo. E, principalmente, entender que é impossível fazer tudo isso com o mesmo nível de detalhe e autocobrança que geralmente tínhamos antes da pandemia”, diz.
A vice-presidente também destaca que ao mesmo tempo que é um desafio para as mulheres, também é um ponto que as próprias empresas devem ficar atentas. “As lideranças precisam entender e aceitar que de vez em quando algum ‘prato’ pode cair. Nunca a empatia foi tão importante! Com certeza este é um dos principais desafios das lideranças, manter um time engajado, entregando resultado, suportando o cenário e as pressões internas e externas, sem perder o ritmo”, considera.
Por isso, ela aponta que é preciso todas serem gentis consigo mesmas. “Não vamos dar conta de tudo e está tudo bem. Precisamos organizar nosso dia a dia de uma forma que não prejudique nenhum dos pilares da nossa vida e lembrar de que, por mais complicada que esteja a situação, isso vai passar. Durante este período teremos que ajudar uns aos outros, tanto no trabalho, família, vida a dois e em outros tantos papéis que nós mulheres assumimos ao longo da nossa jornada”.
Aprendizados
Gerenciar ainda mais e melhor o tempo e discutir sobre prioridades foi um aprendizado para Araceli. “Com a rotina, nossas vidas estavam no automático. A pandemia nos parou. Nos fez olhar a vida de outra forma em todos os sentidos. Tivemos a oportunidade de repensar o modo que fazemos as coisas e nos redescobrir, nos reinventar e nos reconectar com valores que deixamos de lado ao longo do caminho”, compartilha.
“Aprendemos que as vezes não damos conta de tudo e que precisamos de ajuda. Aprendemos a falar mais sobre nossas questões. A desconstruir a ideia de ‘Mulher Maravilha’, que dá conta de tudo e de todos e a aceitar e ficar bem com isso”, continua. Na visão dela, os pontos mais críticos deste período são impacto da pandemia na economia global e no mercado, na nossa vida social e a incerteza desta situação no futuro.
Estar em casa e apreciar a casa, que era algo que Camila não curtia, foi algo positivo desse tempo que vivemos. “Sempre saía cedo e voltava tarde. Além disso, estar mais próximo e convivendo mais no dia a dia com o meu filho e com o meu marido e estar mais próxima deles”, compartilha. “A agressividade da doença me fez refletir que a gente precisa dar valor a nossa vida e a nossa saúde. Aliás, este momento ficou ainda mais urgente para ajudarmos as pessoas mais vulneráveis. Isso foi algo que se intensificou na minha rotina durante a pandemia”.
Em relação as perdas, certamente o que mais faz falta para a gerente da Rehau é conviver com as pessoas. “Eu adorava fazer festas, churrasco, estar com as pessoas. Sinto falta de estar com meus amigos, minha família e com o meu time da Rehau, poder fazer uma convenção estar junto com os colegas, fazer uma reunião presencial, fazer uma feira. Disso eu sinto muita falta”, diz.
Acima de tudo, Camila pensa que é preciso se ajudar e ajudar a todos que precisam de nós. “Eu vejo esse momento como uma ótima oportunidade para sermos uma rede integrada e superarmos isso unidos. Caso contrário, a gente acaba não conseguindo tirar uma lição de tudo isso e perdemos uma grande oportunidade de nos transformarmos na nossa melhor versão, principalmente depois de tantas vidas perdidas”.
Fonte: eMobile.